sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

GOVERNO VANDERLEI, UMA CRÔNICA SINCERA


Em 2012, ninguém queria ser o sucessor de Zé Hélder, e após muitas idas e vindas, vem Vanderlei carregar a bandeira do grupo político da situação, após oito anos de um governo que se tornou positivo aos olhos do povo.
Concorrendo contra Homero, Vanderlei vence carregado nos braços por Zé Hélder e pelo farto montante de dinheiro gasto na campanha. Os babões bradavam "ô lapada", enquanto a oposição timidamente saia de cena para reaparecer quatro anos depois.
Nesse meio tempo, Vanderlei inicia a gestão com um acerto e um erro: acertou porque reuniu-se com toda a equipe para aprender e ouvir, mostrou-se humano e bem intencionado; surpreendeu pelo carinho e tom de com com o qual tratava a todos. Errou porque mudou pouco na equipe, não montou uma base de governo sua, e achou que poderia governar numa boa com uma turma de comissionados e secretários leais ao antecessor... e não à ele.
Em 2013 o caso de amor entre Vanderlei e o seu povo continuou firme, com festas pujantes, equipe de mídia assertiva e um Natal que encantou a todos e virou notícia. Os indicadores educacionais melhoraram um pouco, e pouco já é alguma coisa. O prefeito decidiu tomar medidas antipáticas para escapar da situação econômica alarmante.
Vanderlei entretanto, descobriu que o Poder Executivo é bem mais espinhosos e difícil, é um jogo bem mais complexo dos que ele estava acostumado a lidar. Os favores de campanha precisavam ser pagos e havia dívidas e pendências que ele só descobriu que existiam e a gravidade delas quando era tarde demais. Ele bem que poderia ter feito o que era preciso, mas... E ainda havia as obrigações para cumprir para com o povo...
Participei de muitas das reuniões das quais se tentava ajeitar tudo e a má vontade de alguns subordinados começava a ficar aparente, começava o ano de 2014.
Neste ano, o prefeito Vanderlei descobriu da pior maneira possível como funciona a política local. Cada qual mostrando sua face, ele começou a perceber seus próprios erros, em governar com uma equipe mais disposta em defender o seu interesse pessoal e o seu time político do que fazer algo que preste pelo povo. Descobriu que estava praticamente sozinho - e mal acompanhado - e nem investindo pesado conseguiu ver o seu candidato vencedor nas eleições para governador, pelo menos não em Várzea, um dos poucos municípios em que o famigerado Eunício Oliveira conseguiu bater Camilo Santana.
Naquela época, quem era esperto já sabia: Zé Helder e Vanderlei no mesmo palco... nunca mais.
Agrava-se a crise nacional, repasses bloqueados, equipe com má vontade, e algumas tetas da vaca gorda cortadas. O governo jogou a toalha.
Os formadores de opinião política que antes bebiam da farta fonte da prefeitura, agora começaram a criticar e atirar pedras no prefeito que colocaram no poder. Vanderlei poderia ter reagido, mas não teve pulso nem política para lidar com a nova conjuntura política que se redesenhava.
Em 2015, participei de uma reunião na casa de Zé Helder, onde Vanderlei humildemente clamava pela união do grupo político para, mais uma vez, fazer sucessão, nem que o candidato não fosse ele. Várias figuras declararam o seu apoio á Vanderlei, praticamente todos os partidos da velha base, eu fui o único a dizer não, apesar de garantir que, enquanto funcionário concursado do governo, manteria-me disposto a cumprir o meu dever até o fim.
Mesmo assim, em 2016, o prefeito ainda me chamou para dois novos encontros de conjuntura e decisões políticas e, no último, uma triste realidade...Vanderlei tentando contactar por telefone os grandes figurões... sem sucesso... nenhum dos grandes compareceu. Estávamos somente os partidos menores, aos quais o prefeito gentilmente pediu apoio, eu mantive o meu não, mas com um certo desconforto de ver o quando a política local pode ser destrutiva. Aquele ao qual colocaram no poder, estava agora entregue á própria sorte.
O governo Vanderlei passou então, na boca do povo, repentinamente a ser demonizado. As poucas obras, a falta da presença do prefeito em meio às comunidades, em meio ao povo, pesou muito para enfraquecer ainda mais a gestão que já estava sendo chamada de "a pior da história de Várzea Alegre".
Sem ter apoio e nem disposição para seguir sozinho, Vanderlei pula para o lado de Homero (Joãozinho), que sem o marketing necessário para construir sua imagem política, continuava a ser chamado de "menino".
Viu-se então revelada a face esquizofrênica da política local, os gritos de "bicheiro" bradados pelo lado de Joãozinho cessaram e agora Vanderlei era um homem bom que estava ao lado para somar forças. E quem pariu politicamente Vanderlei agora o rechaçava, como se houvessem esquecido de onde veio e quem compunha o atual governo.
Derrotado massivamente nas urnas, Homero saiu de cena, levando consigo de vez para o barranco qualquer publicidade positiva que pudesse milagrosamente surgir neste final de gestão para salvar a pátria e a imagem do governo.
Os babões, os mesmos, bradaram "ô lapada", mostrando que a chicotada política local tem um dinamismo maior que o de Brasília.
E o governo sai de cena se contentando em comemorar e fazer festa daquilo que não é nada mais do que a obrigação.
E assim encerra-se 2016, tomara que o futuro nos reserve dias melhores, estamos todos precisando.

Bruno Siebra

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