Oliveira de Panelas
Uma coisa se eu pudesse
Transformava sem sobrosso
A garganta de Alcione
Botava em Ney Matogrosso
Nem que fosse necessário
Um transplante de pescoço.
Transformava sem sobrosso
A garganta de Alcione
Botava em Ney Matogrosso
Nem que fosse necessário
Um transplante de pescoço.
* * *
Leandro Gomes de Barros
Meus versos inda são do tempo
Que as coisas eram de graça:
Pano medido por vara,
Terra medida por braça,
E um cabelo da barba
Era uma letra na praça.
Que as coisas eram de graça:
Pano medido por vara,
Terra medida por braça,
E um cabelo da barba
Era uma letra na praça.
* * *
Raimundo Cassiano
Eu entrei no hospital
Já quase no fim do dia
Ali falei ao doutor
Na mesa de cirurgia
Mexam no meu coração
Mas me deixem a poesia!
Já quase no fim do dia
Ali falei ao doutor
Na mesa de cirurgia
Mexam no meu coração
Mas me deixem a poesia!
* * *
Severino Feitosa
Admiro a mocidade
Não querer envelhecer
Velho ninguém quer ficar
Novo ninguém quer morrer
Sem ser velho não se vive
Bom é ser velho e viver.
Não querer envelhecer
Velho ninguém quer ficar
Novo ninguém quer morrer
Sem ser velho não se vive
Bom é ser velho e viver.
* * *
Mocinha de Passira
A gemedeira é um gênero
Da nossa dualidade.
Eu vou gemer com prazer,
Você geme é com saudade,
Pois tá perto da velhice
Ai, ai, ui, ui
Só lembra da mocidade.
Da nossa dualidade.
Eu vou gemer com prazer,
Você geme é com saudade,
Pois tá perto da velhice
Ai, ai, ui, ui
Só lembra da mocidade.
* * *
Ugolino do Sabugi
As obras da Natureza
São de tanta perfeição,
Que a nossa imaginação
Não pinta tanta grandeza!
Para imitar a beleza
Das nuvens com suas cores,
Se desmanchando em louvores
De um manto adamascado,
O artista, com cuidado,
Da arte, aplica os primores.
São de tanta perfeição,
Que a nossa imaginação
Não pinta tanta grandeza!
Para imitar a beleza
Das nuvens com suas cores,
Se desmanchando em louvores
De um manto adamascado,
O artista, com cuidado,
Da arte, aplica os primores.
* * *
Cego Aderaldo
Todo passarinho canta
quando vem rompendo a aurora
só a pobre mãe-da-lua
quando canta, logo chora…
assim eu faço também,
quando meu bem vai embora.
quando vem rompendo a aurora
só a pobre mãe-da-lua
quando canta, logo chora…
assim eu faço também,
quando meu bem vai embora.
* * *
Minervina Ferreira
Se quer partir vá , sujeito
Eu fico no nosso abrigo
Só uma coisa eu lhe digo
Se voltar eu não aceito
Cada um tem o direito
De buscar sua melhora
Mas se surgir a piora
Procure um outro lugar
Não pense que eu vou chorar
Porque você foi embora.
Eu fico no nosso abrigo
Só uma coisa eu lhe digo
Se voltar eu não aceito
Cada um tem o direito
De buscar sua melhora
Mas se surgir a piora
Procure um outro lugar
Não pense que eu vou chorar
Porque você foi embora.
Ivanildo Vilanova
É o céu uma abóboda aureolada
Rodeada de gases venenosos
Radiantes planetas luminosos
Gravidade na cósmica camada
Galáxia também hidrogenada
Como é lindo o espaço azul -turquesa
E o sol fulgurante tocha acesa
Flamejando sem pausa e sem escala
Quem de nós poderia apagá-la
Só o santo doutor da natureza.
Rodeada de gases venenosos
Radiantes planetas luminosos
Gravidade na cósmica camada
Galáxia também hidrogenada
Como é lindo o espaço azul -turquesa
E o sol fulgurante tocha acesa
Flamejando sem pausa e sem escala
Quem de nós poderia apagá-la
Só o santo doutor da natureza.
* * *
Cicinho Gomes
Eu admiro o canção
Na cabeça de uma estaca;
Olha pra baixo e pra cima
Acuando a jararaca
Como quem diz : “Ó meu Deus!
Ah se eu tivesse uma faca!
Na cabeça de uma estaca;
Olha pra baixo e pra cima
Acuando a jararaca
Como quem diz : “Ó meu Deus!
Ah se eu tivesse uma faca!
Eu admiro demais
É uma gata parir,
Pegar o filho na boca,
Levar pra onde quer ir.
Nem fere o filho no dente,
Nem deixa o gato cair.
É uma gata parir,
Pegar o filho na boca,
Levar pra onde quer ir.
Nem fere o filho no dente,
Nem deixa o gato cair.
* * *
Dimas Batista
Alguém já me perguntou:
o que são mesmo os poetas?
Eu respondi: são crianças
dessas rebeldes, inquietas,
que juntam as dores do mundo
às suas dores secretas.
o que são mesmo os poetas?
Eu respondi: são crianças
dessas rebeldes, inquietas,
que juntam as dores do mundo
às suas dores secretas.
Nossa vida é como um rio
no declive da descida,
as águas são a saudade
duma esperança perdida,
e a vaidade é a espuma
que fica à margem da vida.
no declive da descida,
as águas são a saudade
duma esperança perdida,
e a vaidade é a espuma
que fica à margem da vida.
* * *
Raimundo Nonato
Para um mundo diferente,
nossas mentes estão vindo,
quem amanhece com ela,
tem que amanhecer sorrindo,
e a poesia não sente,
mas deixa a gente sentindo.
nossas mentes estão vindo,
quem amanhece com ela,
tem que amanhecer sorrindo,
e a poesia não sente,
mas deixa a gente sentindo.
Ela aguça o meu QI,
que dá mais um incentivo,
nessa tarde deu um show,
pra gente cantar ao vivo,
Eu passo até sem dinheiro
mas sem poesia eu não vivo.
que dá mais um incentivo,
nessa tarde deu um show,
pra gente cantar ao vivo,
Eu passo até sem dinheiro
mas sem poesia eu não vivo.
* * *
Moacir Laurentino
Numa das noites mais belas
dos nossos interiores,
para um encontro de sonhos,
unem-se dois cantadores,
iguais a dois jardineiros
numa colheita de flores.
dos nossos interiores,
para um encontro de sonhos,
unem-se dois cantadores,
iguais a dois jardineiros
numa colheita de flores.
* * *
Antônio Batista Guedes
Longe do mar de Netuno,
O cocheiro Faetonte
Percorria o horizonte
No seu coche de tribuno,
De Anfitrite e de Juno,
Tinha ele a proteção!
Apoio, tendo na mão
Um livro de poesia,
Me ensinou com galhardia(
Cantar dez pés em Quadrão!
O cocheiro Faetonte
Percorria o horizonte
No seu coche de tribuno,
De Anfitrite e de Juno,
Tinha ele a proteção!
Apoio, tendo na mão
Um livro de poesia,
Me ensinou com galhardia(
Cantar dez pés em Quadrão!
* * *
João Paraibano
Faço da minha esperança
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.
Arma pra sobreviver
Até desengano eu planto
Pensando que vai nascer
E rego com as próprias lágrimas
Pra ilusão não morrer.
Coruja dá gargalhada
Na casa que não tem dono
A borboleta azulada
Da cor de um papel carbono
Faz ventilador das asas
Pra rosa pegar no sono.
Na casa que não tem dono
A borboleta azulada
Da cor de um papel carbono
Faz ventilador das asas
Pra rosa pegar no sono.
A juventude não dá
Direito a segunda via
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria.
Direito a segunda via
Jesus pintou meus cabelos
No final da boemia
Mas na hora de pintar
Esqueceu de perguntar
Qual era a cor que eu queria.
* * *
Ivanildo Vilanova
No sertão a tarefa é muito dura
Mas se tem a colheita, a criação
Ferramenta da roça produção
Uma rede, um grajau de rapadura
Uma dez polegada na cintura
A viola, um baú, uma cabaça
A tarrafa e um litro de cachaça
Mescla azul, botinão, chapéu baêta
Fumo grosso, espingarda de espoleta
E um cachorro mestiço bom de caça.
Mas se tem a colheita, a criação
Ferramenta da roça produção
Uma rede, um grajau de rapadura
Uma dez polegada na cintura
A viola, um baú, uma cabaça
A tarrafa e um litro de cachaça
Mescla azul, botinão, chapéu baêta
Fumo grosso, espingarda de espoleta
E um cachorro mestiço bom de caça.
Lourival Batista
Sua vida inda está boa
A minha é que está ruim
A sua está no princípio
A minha está bem no fim
Estou perto de estar longe
De quem está perto de mim.
A minha é que está ruim
A sua está no princípio
A minha está bem no fim
Estou perto de estar longe
De quem está perto de mim.
*
Nem tudo que é triste chora
Nem tudo que é alegre canta
Nem toda comida é janta
Nem todo velho é escora
Nem toda moça namora
Nem todo amor tem paixão
Nem toda prática é sermão
Nem tudo que amarga é lima
Nem todo poeta rima
Nem toda terra é sertão.
Nem tudo que é alegre canta
Nem toda comida é janta
Nem todo velho é escora
Nem toda moça namora
Nem todo amor tem paixão
Nem toda prática é sermão
Nem tudo que amarga é lima
Nem todo poeta rima
Nem toda terra é sertão.
* * *
Elízio Félix da Costa (Canhotinho)
Eu canto pra todo mundo
Com minha vocação santa
Cantando também se chora
Chorando também se canta
A minha mágoa secreta
Confessar não adianta.
Com minha vocação santa
Cantando também se chora
Chorando também se canta
A minha mágoa secreta
Confessar não adianta.
* * *
Aldo Neves
A lua no céu vagueia
Como um barco que flutua
Inspirando o seresteiro
Jogando os raios na rua
Tudo que o poeta é
Só deve a Deus e a lua.
Como um barco que flutua
Inspirando o seresteiro
Jogando os raios na rua
Tudo que o poeta é
Só deve a Deus e a lua.
Pra lua sair bonita
Deus é quem abre a janela
E o quadro azul do espaço
A natureza pincela
Num sei quem é mais bonita
Se a noite ou se é ela.
Deus é quem abre a janela
E o quadro azul do espaço
A natureza pincela
Num sei quem é mais bonita
Se a noite ou se é ela.
* * *
Vinícius Gregório
Solidão desaparece
Quando alguém se faz presente,
A tristeza fica ausente
Quando alegria aparece,
A paz reina, vive e cresce
Quando morre a triste guerra.
No mundo tudo se encerra…
Mentira mata a verdade,
Eu mato a dor da saudade
Voltando pra minha terra!
Quando alguém se faz presente,
A tristeza fica ausente
Quando alegria aparece,
A paz reina, vive e cresce
Quando morre a triste guerra.
No mundo tudo se encerra…
Mentira mata a verdade,
Eu mato a dor da saudade
Voltando pra minha terra!
* * *
Dimas Batista
Na vida material,
Cumpriu sagrado destino
O Filho do Deus divino
Nos deu glória espiritual;
Deu o bem, tirou o mal,
Livrando-nos da má sorte;
Padeceu suplício forte
Como o maior dos heróis,
Morreu dando a vida a nós.
A vida venceu a morte.
Cumpriu sagrado destino
O Filho do Deus divino
Nos deu glória espiritual;
Deu o bem, tirou o mal,
Livrando-nos da má sorte;
Padeceu suplício forte
Como o maior dos heróis,
Morreu dando a vida a nós.
A vida venceu a morte.
* * *
João Lourenço
Eu já passei tanta coisa
Que na vida nem pensava
Pra minha felicidade
A mulher que eu procurava
Deus teve pena de mim
Mostrou aonde ela estava.
Que na vida nem pensava
Pra minha felicidade
A mulher que eu procurava
Deus teve pena de mim
Mostrou aonde ela estava.
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