sábado, 30 de abril de 2016

A ARRANCA DE TOCOS



Lá no pé da Serra dos Cavalos, Várzea Alegre, onde nasci, mora um agregado dos meus parentes, que responde pelo nome de JOAQUIM TERTO. É um caboclo forte, rijo, músculo hercúleos, de força incomum, que trabalha o dia inteiro, sem descanso e sem refeição, a não ser à noite, quando volta para casa. Sua comida consiste apenas num prato de feijão com farinha e um pedaço de rapadura. E nada mais. Com esta pouca refeição, ele mantém uma estrutura física incomum e não tem sequer um dente cariado.
Não enjeita trabalho por mais pesado e difícil que seja. E o faz com singular perfeição. Meu mano, Dr. Raimundo Vieira, foi ajustar com ele um destocamento num roçado. Raimundo queria pagar por dia. -"Assim não dá certo. Negócio com o Sr. Dr. Raimundo. Que é muito sabido, só faço o preto no branco: ajustado. O Sr.me paga por cada toco arrancado. Só vou se for nessa base".
Não houve outra alternativa. Dr. Raimundo submeteu-se a pagar por cada toco arrancado. Terminado o trabalhos, foram ao quanto do pagamento. Joaquim Terto cobrava dez cruzeiros por cada toco. "Isto é um absurdo", Joaquim, replicava Dr. Raimundo, já um tanto irritado".
Joaquim Terto, na maior Fleugma, dando gostosas gargalhadas, propõe uma solução genial:- "Doutor, o Sr. vai na rajalegre e progunte ao Dr. Osvaldo, quanto ele cobra para arrancar um dente. E veja, Dr. Raimundo, qui arrancá um toco dá muito mais trabalho qui arrancá um dente!".

Padre Vieira
escritor de Várzea Alegre crônica de seu livro "Fatos interessantes e pitorescos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário